quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PÁGINA VIRADA


 Reginaldo Albuquerque/MS

Tarde da noite, em meio à quietude das ruas,
encontro nesta banca há muito abandonada,
no entulho de jornais e traças junto à entrada,
revista masculina, expondo moças nuas.

E tremo ao desfazer a página virada...
No encarte especial, fotografias tuas
em poses sensuais dizem verdades cruas
que sangram cicatriz que imaginei curada.

A propaganda exalta algum lugar distante...
A lua espreguiçada em seu quarto minguante
lança cintilações sobre esta saudade oca...

Por um momento a banca agita a velha porta...
Se o teu vulto é ilusão ou real, o que importa?
Aplaco a minha dor beijando a tua boca...

MENSAGENS POÉTICAS


<<< Uma Trova Nacional >>>
Por mais louca ... mais confusa ...
que eu esteja em meus anseios,
quem me dera ser a musa
dos teus doces devaneios!
Maria Nelsi Sales Dias/SP
 
<<< Uma Trova Potiguar >>>
Buscando a felicidade
por este mundo sem fim...
Descobrir uma verdade:
Ela está dentro de mim!
Francisco Macedo/RN
 
<<< Uma Trova Premiada >>>
2010 > CTS-Caicó/RN
Tema > OCASO > 8º Lugar
O ocaso... o ajuste da lente...
o clique... a fotografia:
- a imagem do sol poente,
nos braços do fim do dia...
Darly O. Barros/SP
 
<<< Uma Trova de Ademar >>>
A Saudade na pessoa
faz ela ficar doente;
por mais que saudade doa,
mas só quem ama é quem sente!
Ademar Macedo/RN
 
<<< ...E Suas Trovas Ficaram >>>
A igreja, as flores e o eleito,
ela de branco e eu tristonho;
foi o cenário perfeito
para o enterro de meu sonho.
Alonso Rocha/PA
 
<<< Simplesmente Poesia >>>
DESCAMINHOS. (Para Ela)
 
Sergio Severo/RN
 
Por que teimo em dirigir
minha atenção a Você,
que em “contra marchas”, não vê,
todo o meu Amor fluir?
 
Que a Estrada do seu Porvir,
seja, quiçá, asfaltada,
e cada curva fechada,
bem lhe faça refletir.
 
Olhe a conversão na Via!
Não atropele a Poesia,
na contramão dos meus passos...
 
... e à margem da Compaixão,
deixar o meu Coração,
por inteiro, aos pedaços.
 
<<< Estrofe do Dia >>>
Se for um parlamentar
pode ter crime a vontade
que o dedo da impunidade
não deixa lhe investigar,
se alguém o denunciar
é sujeito a ser punido,
processado e ser tangido
pra o beco da emboscada;
toda lei ultrapassada
só favorece o bandido.
Geraldo Amâncio/CE
 
 

NO CORPO DUM VAGALUME


A morte é bruxa aporreada
Passarinheira e ventena
Chega mansa sem alarde
E peala a gente sem pena.

... Se esconde atrás da macega
E ali fica de prontidão
E quando o paisano cruza
Enfia o laço nas mãos!

Quando eu deixar esta pampa
Por certo muitos dirão
Que eu cansei de andar na terra
E me fui pra baixo do chão!

Mucjhachada que me estima
Façam pra mim um favor
Me enterrem na costa do mato
Na beira do corredor...

Do corredor verei as tropas
E na culatra ou no fiador
Um gaúcho abrindo o peito
Sacudindo o tirador!

Depois que eu deixar o mundo
Voltareide vez em quando
No grito macho e pachola
Dum índio que vem domando!

Talvez Deus que tudo sabe
Me transforme em quero-quero
Pra cuidar da nossa pátria
E desta pampa que eu venero!

QUANDO NAS NOITES SEM LUA
UMA LUZ BRILHAR NO TAPUME
SEREI PISDCANDO OS OLHOS
NO CORPO DUM VAGALUME!!!

*Trecho de NO CORPO DUM VAGALUME gravada por PEDRO JÚNIOR DA FONTOURA no novo CD DUPLO de João Sampaio e também musicada por OSCAR DOS REIS.
"Chamo lirismo o estado do homem que consente em se deixar vencer por Deus" ANDRÉ GIDE.

Trecho de um tema de JOÃO SAMPAIO em parceria com ODENIR DOS SANTOS


Viajo em teu corpo uma estrada
Que eu cruzo devagarinho
Reconhecendo as picadas
E pousando pelo caminho...

...
Ando por matas escuras
Perdidas na noite gris
Pra adelgaçar os meus sonhos
Na sanga dos teus quadris...

Chego a sentir o mel xucro
Desses teus lábios vermelhos
E faço das tuas retinas
A mansidão de um espelho...

Recorro teu ventre um campo
No pingo dos meus anseios
Enquanto sinto o aroma
Das pitangas dos teus seios...

Campereio no treu corpo
Sedento numa ânsia louca
Pra por fim matar a sede
Na cacimba da tua boca!

NAS COXILHAS DO TEU PEITO
(COM OLOR DE FLOR-DE-LIS)
DEPOIS DE TUDO NO CATRE
DEITO A CABEÇA FELIZ
E ASSIM DESCANSO DA VIAGEM
A LINDA QUE EU JÁ FIZ...
............................................

*Trecho de um tema de JOÃO SAMPAIO em parceria com ODENIR DOS SANTOS.

Esse é para os críticos que dizem,erroneamente,que o gaúcho não é rom^^antico e que em sua musicalidade,só tem como temática cavalos,mangueiras,galpões e peleias. "Para recuperarmos a juventude só precisamos repetir as nossas loucuras..." OSCAR WILDE.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

ABUTRES DE GRAVATA

                                                                  Imagem: Google
De: João Sampaio & Silvestre Araújo.

               1
Por entre a enorme miséria
Das metrópoles insanas
Perdura o materialismo
Doentio das mentes profanas!
               2
Os abutres de gravata
Eternas aves de rapina
Sobre a miséria do povo
Banqueteiam-se em propinas!
               3
São vampiros monetários
Sugando o povo perdido
Na sarjeta do descaso
Dos ideais esquecidos!
               4
É o poderoso sadismo
No poder enraizado
Que rege as dores do povo
Masoquista e inveterado!
               5
A cada ano eleitoral
Igual os recalcitrantes
Os eleitores cometem
Os mesmos erros de antes!
               6
Pobre povo abastardado
Espoliado hora à hora
Sepultando os seus direitos
No voto atirado fora!
               7
Pois após cada eleição
Que nem cachorro sem dono
O povo é por seus eleitos
Atirado no abandono!
               8
Se precisar de um apoio
O seu eleito sumiu
Deixando o povo coitado
Outra vez a ver navios!
               9
Os políticos burgueses
Com um ranço popular
São predadores famintos
No eterno ato de caçar!
               10
São abutres sanguinários
Batendo asas ao léu
E o povo rasteja e sonha
Planar nesse mesmo céu!
               11
O povo é ser soberano
Que se engana meu irmão
Depois é um cata migalhas
Dos senhores da nação
Que apertam a mão da gente
Só no dia da eleição!!
               12
Não acredite em balelas
Pense bem não vote às pressas
E repudie nas urnas
Bobos com falsas promessas!


domingo, 25 de setembro de 2011

OUTUBRO : 1967 /João Sampaio

Outubro está pulando corda
No pátio da primavera.

E no povoado de La Higuera
A morte espera Che Guevara...

Junto á costa do Pacífico
Na casa de Isla Negra
Pablo Neruda teatraliza
A gesta heróica e a tragédia
Fulgor y Muerte de Joaquín Murieta...

Outubro está mateando alegre
No galpão grande do mundo.

E no povoado de La Higuera
A morte espera Che Guevara...

No  cemitério de Arlington
Ao pé da chama votiva
Da tumba de John Kennedy
Uma pomba branca alça vôo
E vira bandeira de paz...

Outubro está dando corda
No relógio do universo.

E no povoado de La Higuera
A morte espera Che Guevara...

Martin Luther King
Anjo negro da igualdade
Denuncia com veemência
A Guerra do Vietnã
E prepara a Marcha dos Pobres!


Outubro toca realejo
Na janela do Senhor.

E no povoado de La Higuera
A morte espera Che Guevara...

Num trabalho voluntário
De mútuo solidarismo
Com estudantes e operários
Fidel Castro corta cana
Numa plantação cubana.

Outubro brinca de gangorra
Numa praça do planeta.

E no povoado de La Higuera
A morte espera Che Guevara...

Peregrinando pela América Latina
Com seu canto missioneiro
Noel Guarany elenca payando
As injustiças e as violações
Das Leis de Deus e dos homens!

Outubro está jogando truco
Nas pulperias da pampa.

E no povoado de La Higuera
A morte chama Che Guevara...

Qual um novo Allan Kardec
Em pleno sertão mineiro
Chico Xavier,um querubim
Por trás do véu do espiritismo
Fala com Deus e com os mortos...

Outubro está psicografando
A mensagem de um novo tempo.
Y en el pueblito de La Higuera
La muerte besa Che Guevara...

Autoria: João Sampaio









FLORES DAS RUAS

De: João Sampaio & Silvestre Araújo!


1
Me dói na alma missioneira
Ver a infância nas ruas
Descalça, pedindo esmola
Faminta e semi-nua!
2
Nas casas abandonadas
Fazem pouso e parador
Dormindo no piso puro
Com jornais de cobertor!
3
Com pouca roupa no corpo
Num permanente arrepio
Que triste ver uma criança
Tremendo de fome e frio!
4
Varando a noite perdida
No vício e na perdição
Vendendo o corpo e a alma
Comendo restos de pão!
5
Pobres crianças de rua
Vagando sós e errantes
Na miséria que é criada
Por órgãos e governantes!
6
Talvez esse quadro de dor
Que horroriza todo mundo
Um dia acorde os poderosos
Que dormem sono profundo!
7
Para que seja enfrentada
Essa questão de verdade
E com políticas sérias
Se mude essa realidade!
8
Eu acredito como missioneiro
Na força da nossa voz
E sofro porque as crianças
São filhas de todos nós!
9
É preciso que a nossa gente
Acenda uma luz no presente
Clareando as trevas cruéis
Que habitam cada inocente!
10
O futuro vai ser negro
E a natureza chora
Pois não se vê um amanhã
Nessas crianças de agora!

ESTA TERRA TINHA DONO

                De: João Sampaio & Milton Braz Rubim.


  Esta terra tinha dono
Tinha dono, sim senhor
Agora não tem mais dono
Não tem dono não senhor!
1
A floresta destruída
A sesmaria violada
A fauna não tem mais vida
E a costa está desmatada!
2
Não vejo aves voando
De volta direito ao ninho
Virei cacique sonhando
Penando a alma sozinho.
3
Quem tem pena se despena
E o que mais desejo e espero
É volver a pampa morena
De lança igual quero-quero
4
Sou filho da terra nua
Que peleou nesta coxilha
Debaixo de sol e lua
Bem antes do farroupilha!
5
Carrego no peito a chama
Da alma dos bisavós
A terra que a gente ama
O branco tirou de nós!

Esta terra tinha dono
Tinha dono, sim senhor
Agora não tem mais dono
Não tem dono não senhor!

Décimo quinto livro de João Sampaio

O poeta itaquiense, o missioneiro João Sampaio,que recentemente atingiu a significativa marca de mais de mil letras gravadas(inclusive na Europa,Japão,Estados Unidos e nos países do Mercosul)agora está lançando o seu décimo quinto livro.
      A nova obra PARA QUE VOLTEM OS CONDORES & DA BOCA DO POVO(na verdade são dois livros em um) é um lançamento da Editorial/Mainumby(Corrientes –Argentina) com a chancela cultural das gravadoras USA/DISCOS & MEGATCHÊ/DISCOS.      Essa nova obra,além da poesia campeira e crioula,gêneros que João Sampaio traz no sangue e com os quais se consagrou,contempla também(o que quase ninguém mais faz hoje)as peças e inspirações do rico folclore gaúcho e fronteiriço,recolhidas e adaptadas pelo autor sozinho ou em parceria com amigos do porte de Noel Guarany,Clemar Dias,Pedro Ortaça,Odenir dos Santos,Mano Lima,Iollanda Pillar,Valtair Behling,Argeu de Oliveira,Luiz Marenco,Diego Muller ,Pedro Viana,Fábio Araripe Goulart(Dido Calavera) José Renê Rossi(Carreteiro),Silvestre Araújo e Valdir Dutra Mendes.      Prefaciado por Jayme Caetano Braun o livro traz ainda textos de apresentação de César Oliveira,Telmo de Lima Freitas e Oracy Dornelles, bem como poemas de abertura do senador Paulo Paim e José Renê Rossi(Carreteiro) bem como orelhas do historiador Jesus Pahim e do poeta e pesquisador Arlindo Siqueira Dias e capa sobre foto(quadro) do consagrado artista plástico Noé Cézar da Silva de São Lourenço do Sul.      Após o lançamento em Itaqui,em data ainda a ser agendada,a obra também será lançada na Argentina, nas Missões(em parceria com a Casa do Poeta – POEBRAS/São Luiz Gonzaga) e ainda em Santa Catarina e no Paraná,agora no primeiro semestre.      Recentemente João Sampaio iniciou mais uma parceria,desta vez com o mago da gaita cromática,o consagrado Oscar dos Reis que já musicou e gravou algumas letras do poeta João Sampaio que em breve estarão também no mercado fonográfico.      Juntamente com o eclético compositor,o também missioneiro Érlon Péricles,estão formatando e gestando um projeto de um novo CD(com obras dos dois)que será alavancado por uma grande e respeitada instituição da área da indústria e do comércio.      João Sampaio também reativou a sua parceria com o bororeano Mano Lima,compadre e amigo de infância,que no próximo CD vai gravar várias obras do poeta itaquiense,inclusive um material desse novo livro.